quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ao contrário de um balão, uma denúncia não cai do céu.


Há muito soltar balões deixou de ser uma brincadeira inocente. Toda a beleza e criatividade propostas pelas pessoas envolvidas com esta prática não mais disfarçam os perigos encobertos pela alegria das cores e dos movimentos no céu. É bonito, sim, mas as luzes de um balão nas noites frias de inverno podem ser prenúncio de acidentes muito graves.

O Disque Denúncia recebeu no ano passado mais de quatrocentas denúncias sobre balões e baloeiros, sobre depósitos, locais de festivais e de comércio de artefatos para confecção e soltura de balões. Foram apreendidos balões de mais de quarenta metros de altura, que representavam ameaça às nossas florestas, refinarias e aeroportos.

O assunto é sério: balões atentam contra a vida, contra a propriedade, contra a natureza, ameaçando atividades econômicas e sociais, trazendo riscos de acidentes e de incêndios.

O Programa Disque Balão funciona desde 1999, promovendo campanhas de esclarecimento e oferecendo recompensas a informações que levem à apreensão de balões e de material para sua fabricação. Há também o pagamento de prêmios às equipes de policiais que obtenham sucesso ao investigar estas denúncias.

As recompensas vão de trezentos a dois mil reais, dependendo do estrago causado à festa.


terça-feira, 8 de maio de 2012

Duas violências e uma lógica

Khalil Dale era um voluntário da Cruz Vermelha. Foi assassinado no Paquistão e seu corpo (separado da cabeça, segundo uma fonte) foi deixado em um pomar.
Havia uma exigência de resgate que não foi atendida e ele foi executado aos 60 anos de idade. Foi encontrada uma nota justificando a execução pelo não pagamento do resgate. Ele tinha sido sequestrado por um grupo armado.
Por que o resgate não foi pago? Porque é uma política da Cruz Vermelha Internacional, que proporciona ajuda humanitária em muitos países onde houve e há sequestros de pessoas com pedidos de resgate. Os dados mostram que o pagamento de resgate não garante a vida nem o regresso do sequestrado. Khalil foi sequestrado e retirado de um veículo da Cruz Vermelha, em janeiro, em Quetta. Ficou esses meses em poder dos sequestradores.
Khalil vivia em Dumfries, na Escócia, e nasceu em York, segundo o Herald Scotland e no Yemen, segundo o Muslim Times. Tinha se convertido há um ano ao islamismo mas, a despeito disso, não foi poupado numa região separatista com forte atuação de islâmicos radicais.

Segundo a polícia local, os talibãs divulgaram nota assumindo a responsabilidade pelo crime.



Antes de ontem, na Tijuca, minha mulher foi vítima de outro tipo de sequestro, um arrastão de um edifício de apartamentos na Tijuca (e não em Vila Isabel, como foi noticiado). Perdeu o celular, dinheiro, relógio e uma relíquia, medalha da Virgem Maria que pertencera a minha mãe. Havia cerca de vinte reféns, inclusive crianças, e os cinco ou seis assaltantes trataram os reféns com brutalidade. Levaram um policial rodoviário como garantia. O preguiçoso repórter que cobria a área ficou na polícia, não entrevistou as vítimas e o jornal deu um show de incompetência. Errou, errou e errou.  
O que penso, nesse momento confuso, a respeito desses acontecimentos tão distantes no espaço e tão perto na animalidade? 
Há uma crise de valores, na qual a vida humana vale pouco ou nada. É a Lei de Gerson em escala mundial. A vida “dos outros” é trocada por bens materiais; é trocada por poder, é trocada por prazer. Há um consumerismo do espírito. A religião não é garantia de proteção e, às vezes, promove a violência nas Jihads iniciadas por religiões e culturas diferentes. Não é exclusividade de radicais islâmicos. 
O amor pelas pessoas deu lugar à adoração pelas coisas.  

GLÁUCIO SOARES             IESP/UERJ  

Fontes:
The Muslim Times, 4 de maio de 2012
Herald Scotland , 4 de maio de 2012