segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Estruturação de Atividades Criminosas

Claudio Beato/Luís Felipe Zilli
CRISP – Centro de Estudos de Criminalidade
e Segurança Pública


A cidade do Rio de Janeiro tem se notabilizado pela ocupação de territórios por grupos armados, onde o estado tem muitas dificuldades de se estabelecer. Via de regra, a estratégia tem sido a do confronto através de escaramuças, realizado de forma pontual, descontinuada e sem complementaridade com outros tipos de ações. Além de ineficaz, essa forma de enfrentamento produz número elevado de vítimas, inclusive entre a população civil local, contribuindo com grande sentimento de hostilidade e ressentimento em relação à polícia.

Por outro lado, numa vertente diametralmente oposta, diversos segmentos sociais condenam as ações de confronto, a partir da constatação de que somente intervenções sociais profundas irão alterar as condições para que o estado esteja assentado de forma permanente. Este tipo de argumento, no entanto, encontra dificuldades para explicitar como se restabelecem as condições de ordem para que ações sociais ocorram.

Este tipo de situação não é exclusivamente carioca. É observada em diferentes graus, em outras áreas metropolitanas do país. Por todo o Brasil, muitos são os exemplos de espaços urbanos frutos de loteamentos irregulares e realocações temporárias onde, já em sua origem,a ilegalidade na ocupação do solo e na provisão de serviços terminou se constituindo em referência. (Leia mais em EVIDÊNCIAS.)

De: Casos de Polícia (EXTRA)

Bingo em Campo Grande tinha caixa eletrônico e loja de penhores

Policiais que participam da segunda fase da operação Têmis, deflagrada para desbaratar o braço econômico da milícia na Zona Oeste, estouraram nesta sexta-feira um bingo clandestino no centro de Campo Grande. Além de máquinas, a polícia encontrou no local um caixa eletrônico e uma loja de empréstimos consignados, onde os apostadores podiam sacar dinheiro e até penhorar joias.

Segundo o delegado Eduardo Freitas, da Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD), a polícia chegou o local a partir de informações do Disque-Denúncia (2273-1177), que apontavam a existência de um bingo ligado à milícia. Dez pessoas foram levadas para a Delegacia de Homicídios da Zona Oeste, que concentra as ações contra milicianos. Uma gerente do bingo foi autuada em flagrante por prática de jogo de azar e liberada após pagamento de fiança.

Veja imagens do bingo em Campo Grande

De acordo com a polícia, o caixa eletrônico e a loja de empréstimos serviriam para facilitar as apostas de quem estivesse sem dinheiro.
— O local foi interditado. A facilidade do dinheiro no caixa eletrônico e na loja de empréstimos incentiva e fomenta a pessoa a gastar com o jogo. Vamos investigar para saber se o bingo era ligado à milícia ou não — disse Eduardo Freitas.

A polícia apreendeu no bingo cerca de 20 máquinas, que funcionavam acopladas a mesas com leitoras de cartões eletrônicos. Também foram encontrados vários cheques. Em outra ação da operação Têmis, policiais da 14ª DP (Leblon) e da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) apreenderam 140 botijões de gás na Favela da Carobinha, também em Campo Grande. Segundo os policiais, o material era vendido em um caminhão usado por milicianos da Liga da Justiça.

Enviado por Marcos Nunes -
20.6.2009

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Nem da Rocinha

Desde que Nem assumiu o controle dos pontos de drogas da Rocinha, recebemos mais 160 informações sobre suas atividades e seu possível paradeiro.

Nem começou a sua vida de crimes como vapor, vendeu muita droga e deu muitos tiros antes de se tornar gerente de boca de fumo. Ele está no comando da Rocinha há pouco mais de um ano, tendo alcançado o controle total da área após a prisão de Joca, capturado graças a uma informação do Disque-Denúncia.

Nem é apontado como o fornecedor de cocaína e maconha para os principais morros e favelas controlados pela ADA. Denunciantes relatam, também, que em seu bando trabalham vários menores, com idade variando entre 13 e 17 anos, e muitas mulheres, ocupando postos de olheiras, vapores e seguranças. Algumas circulam com fuzis e pistolas nas bocas de fumo, outras fazem a divulgação de novas bocas em bares, biroscas e forrós.

Dizem as denúncias que Nem expande seus ganhos com a diversificação de atividades criminosas, atuando em outros setores, como a exploração do jogo ilegal através de máquinas de caça-níqueis, roubo de cargas e de automóveis. Há informações de que alguns ladrões de banco são ligados à sua quadrilha.

Desde o ano 2000, o Disque-Denúncia recebeu mais de 6.000 informações sobre a Rocinha. No período da “guerra da Rocinha”, que intranqüilizou a cidade a partir da Semana Santa de 2004, foram 1.741 denúncias, equivalendo ao que recebemos no caso do assassinato de Tim Lopes.

Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha responde a seis processos em três varas criminais do fórum da capital, a maioria por tráfico de drogas. Contra ele existem outros três mandados de prisão, expedidos pela 33ª, 23ª e 40ª Vara Criminais.

A recompensa por informações que levem à sua prisão é de 2 mil reais.