segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Recife envergonhado

Alcides não acontece todos os dias. É símbolo. Desses que não são inventados. Daqueles que orgulha, que faz todo mundo repensar a vida, as oportunidades, os acertos, os erros. Alcides é história boa, daquelas que enche um livro inteiro, que faz a gente querer contar todos os detalhes para o taxista, o porteiro, os colegas de trabalho, para todo o mundo.

Morador da Vila Santa Luzia, na Torre, filho de uma ex-carroceira, tirou fino da miséria e passou no vestibular de Biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Passou bem. Foi primeiro lugar entre os alunos das escolas públicas. Não fazia outra coisa. Só estudava e frequentava o grupo jovem da Igreja da Torre. Deixou a mãe louca de felicidade. E a Vila Santa Luzia também. As mães de lá ganharam um rosto para mostrar aos filhos. "Tá vendo aquele ali. Passou no vestibular."

Aos 22 anos, Alcides ganharia o diploma em setembro. Iria fazer mestrado e depois doutorado. Mas ele morava no Recife. Foi o bastante para levar dois tiros na cabeça. Estava estudando à 1h da sexta-feira. Arrastado de casa por dois homens numa moto. Morreu na frente da mãe e das três irmãs. Queriam matar outro.

Encontrei com a mãe dele, dona Maria Luiza, hoje pela manhã. Ainda estava vestida de orgulho, com o jaleco branco do filho. Faltava bem pouquinho para ela dizer ao mundo que era mãe de um biomédico. Pouquinho para dizer que não era mais uma. Contou todo o sofrimento. Disse que ainda se agarrou com os assassinos. Mas não teve jeito. Conseguiu evitar apenas o terceiro tiro. Os dois primeiros já haviam interrompido o seu maior sonho. Maria Luiza voltou a ser mais uma. Hoje é 8 de fevereiro e 386 mães choraram, apenas neste ano, a morte de um filho.

João Valadares / PE Body Count

A foto é de Alexandre Gondim/JCimagem

4 comentários:

MylenaDoRio disse...

Enquanto tolerarmos a corrupçao, a falta de cumprimento das leis pelas proprias autoridades que as fizeram e nos tornarmos assim coniventes com estes, teremos que chorar como a mae de Alcides que de exemplo de vitoria passou a história de tragédia. Até quando a populaçao vai se calar ao ver este tipo de coisa? até quando vao aguentar toda especia de violencia,roubo, erro e falta de respeito? Para que muitas maes nao sofram como esta usemos a arma que temos, o Disque Denuncia está aí para isso.

Anônimo disse...

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vivian disse...

Um absurdo! Uma vida brilhante tirada! Por favor, precisamos também de segurança na Lapa, de dia!! Todos os dias estamos sendo assaltados lá! Até perseguição de pivetes já temos..

Anônimo disse...

Barulho e ocupação irregular de calçada por um bar com assistência da própria polícia. É o que vemos aqui na Rua Conde de Baependi, 78 no Edifício Solar das Laranjeiras. Já chamamos a polícia várias vezes mas extranhamente os policiais fazem "plantão" nesse bar todos os dias eles dão uma paradinha lá para zelar a ocupação irregular e permitir assim que o negócio prospere.