segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2011, o ano em que o tráfico perdeu, playboy

O ano de 2011 na área da segurança local e mundial ficará marcado por duas imagens, mas três podem resumir esse período. Uma é a do traficante Nem (foto acima) vestindo camiseta verde, uniforme de detento da Secretaria estadual de Administração Penitenciária, cabeça raspada e um olhar de indefeso menino de rua. A outra vai demorar décadas para sair dos arquivos da CIA: Osama Bin Laden morto pelas forças especiais americanas, no covil dele, no Paquistão. Terminava uma caçada de dez anos, que mudou drasticamente o conceito de segurança e combate ao terrorismo no mundo todo. Já a prisão de Nem é o retrato de que a polícia pode vencer o narcotráfico e criminosos que eram tidos como invencíveis, entocados nas favelas do Rio. Bastou uma operação de inteligência que não deu um só disparo na ocupação da maior favela do Brasil -- a  Rocinha -- de onde Nem controlava também policiais do 23º BPM e quem sabe da 15ª DP (Gávea). Após a prisão  por policiais do Batalhão de Choque, Nem contou a agentes da Polícia Federal -- para onde fora levado por falta total de confiança na delegacia da área onde foi preso -- que metade de seu lucro ia para a "caixinha" da polícia. A mesma que prometia prendê-lo.
A prisão de Nem teve outra ajuda importante: a sociedade, que por meio do Disque-denúncia (2253-1177) passou a acreditar ainda mais na ação da polícia e deu telefonemas que foram fundamentais para se planejar operações sigilosas contra o tráfico e até as milícias, mais difíceis de serem enfrentadas porque estão infiltradas no aparelho policial e contam com métodos de convencimento da população mais eficientes do que os do tráfico.
A terceira imagem, não menos importante, foi revelada pelas câmeras do tribunal  de Justiça. É a da juíza Patrícia Acioli, deixando pela última vez sua sala, onde ela fazia um trabalho essencial no combate aos criminosos dentro da polícia. Na noite de  11 de agosto, uma quadrilha formada por policiais do 7º BPM (São Gonçalo) executou um plano suicida -- ao estilo da Al Qaeda -- que foi atentar contra a Justiça. Mataram a magistrada que os investigava, mas não mataram a sede de Justiça da sociedade.
O ano de 2011 foi importante para este blog porque o blogueiro teve a chance de deixar um pouco a posição de analista e honrar o nome do site, subindo a Rocinha e a Mangueira, para acompanhar as  operações policiais. Vi coisas extraordinárias. Percebi que os moradores de favelas estão botando fé na política de pacificação, que projetou para o mundo a imagem do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, como um grande estrategista, apesar de eventuais falhas de seus colaboradores diretos. Foi ano em que caíram dois chefes da cúpula. O primeiro foi o delegado Allan Turnowski, substituído por Martha Rocha, em fevereiro. O outro foi o coronel Mário Sérgio Brito, que cedeu a más companhias, e  foi substituído em outubro pelo coronel Erir Costa Filho.
Para encerrar o ano e virar mais uma página,  aqui vão  as principais notícias de crime e de segurança pública:
Janeiro - Pela primeira vez uma mulher assume o comando da Secretaria Nacional de  Segurança Pública. É Regina Miki.
Fevereiro - A Polícia Federal se firma como corregedoria informal das polícias civil e militar. Prende uma quadrilha formada por policiais que vendiam  armas a bandidos.  A ação respinga no chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, que cai como inocente. No lugar dele assume a delegada Martha Rocha.
Abril - No dia 12, um doente armado de dois revólveres matou 12 alunos da Escola municipal Tasso da Silveira, no que ficou conhecido como o Massacre de Realengo. O atirador se matou e de seu nome felizmente ninguém mais lembra.
Maio - Uma rebelião de bombeiros acaba resultando na invasão do quartel-central e em conflito com policiais do Batalhão de Choque. Os bombeiros só queriam ser ouvidos pela cúpula do governo, mas a briga resultou em uma sucessão de erros, na qual o governador Sérgio Cabral admitiu mais tarde que pegou pesado.
Junho - Numa desastrada operação numa favela na periferia de Nova Iguaçu, PMs matam um menino de dez anos e somem com o corpo. Dias depois Juan foi achado morto e agora falta mandar para a cadeia os policiais.
Agosto - Na noite de 11, dia do advogado, a juíza Patrícia Acioli foi executada covardemente. Graças a um trabalho primoroso de investigação da Delegacia de Homicídios, os assassinos foram presos. Graças à delação de um deles, foi pego também o mentor do crime, o então comandante do 7º BPM, coronel Cláudio, que tinha no cargo todo apoio do então comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio.
 Setembro - No dia 3, o arquiteto é assassinado por motoqueiros em Ipanema. Naquele mês o Exército enfrenta problemas na ocupação do Complexo do Alemão. Cai o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio, que oficialmente se demitiu depois da prisão do tenente-coronel Cláudio, acusado de ser o mentor da morte da juíza.
Outubro - Assume o comando da PM o coronel Erir Costa Filho, mandando coronéis para reserva e impondo novas normas de conduta aos comandantes de batalhão, como não levar com eles mais do que o subcomandante. Um estudo de economista do IPEA levanta polêmica sobre a redução de homicídios no estado. O secretário de segurança ameça processá-lo, mas chegam a um denominador comum e tudo acaba bem. Depois do entrevero, porém, os números do ISP nunca mais serão os mesmos.
 Novembro - No dia 1º, a ONG Rio de Paz leva a Copacabana a cruz com os números de homicídios, em sua cruzada contra a violência. No dia 6, o cinegrafista Gelson Domingos é morto num confronto entre PM e traficantes na favela de Antares, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. No dia 14, as forças de segurança ocupam a Rocinha e retomam o território do tráfico de drogas, sem um disparo sequer.
Dezembro - Acontecem os primeiros assaltos ao comércio da Rocinha, num desafio à ocupação policial. Uma megaoperação da Polícia Civil cerca bicheiros, mas só um é preso. Dias depois os contraventores estão liberados por habeas corpus. O secretário Beltrame diz que a sociedade precisa reagir. O jogador Adriano é suspeito de ter baleado uma moça dentro do carro dele, após saírem de boate na Barra. Dias depois a jovem disse ter sido a autora do disparo, absolvendo o Imperador.

Por Jorge Antônio Barros

Um comentário:

Anônimo disse...

Onde moro tem um Vizinho que faz segurança para Bicheiro e é responsável pelos caças niqueis na região dos Lagos, o nome dele é Marcelo, mora na Rua Dr Rosalino Macedo, 970, Sta Barbara, Niterói-RJ. Ele é agente penitenciário reformado e tem um padrão de vida muito alto, basta verificar. ele tem sobrinhos que fazem parte que tbm moram no mesmo bairo e ficam desfilando com armas e motos. Nome de Bruno.